Esse tema tem despertado discussões nas empresas recentemente, em virtude de alguns fatores:
* Os trabalhadores querem trazer seus hábitos de uso do computador de quando estão em casa, para o ambiente de trabalho.
* Mais trabalhadores do que nunca trabalham em casa.
* Há uma série de máquinas antigas nas empresas e os orçamentos de TI têm sido cada vez mais achatados e substituições têm sido postergadas.
* As empresas estão buscando formas “inovadoras” de corte de custos.
O Gartner entrevistou 528 gestores de TI em empresas com mais de 500 empregados nos EUA, Alemanha e Reino Unido, sobre a permissão do uso de computadores pessoais no ambiente de trabalho (bring your own computer – BYOC). O estudo mostrou que 40% disseram que suas empresas têm uma política que aborda este tema.
Annette Jump, diretora de pesquisa do Gartner e responsável por este trabalho chamou de "muito impressionante" o resultado.
"Dezoito meses atrás, a maioria das empresas nunca tinha pensado nisso", diz ela.
A pesquisa também mostrou que em 2009, 10% os funcionários utilizavam seus próprios computadores e que em 2010 esse número chegará a 14%.
"Foi uma questão de custo, já que assim não temos que comprar computadores", diz Harold Mann da consultoria Mann Consulting de Los Angeles. Há seis anos, a consultoria de TI oferece aos seus funcionários a opção de utilizar os seus computadores pessoais com uma taxa de reembolso mensal.
Ele diz que algumas pessoas gostam de fazer tarefas do trabalho às 9 da noite, enquanto outros querem uma separação real entre trabalho e vida a pessoal.
Na verdade, algumas políticas da empresa permitem que os funcionários apenas escolham uma máquina e os softwares de uma lista de opções para que executem suas atividades. Por exemplo, Jump disse que a versão Vista Home não consegue suportar um desktop virtual, a configuração preferida para a maioria destes programas, por isso os trabalhadores precisam ter um software de nível Professional.
A empresa Citrix Systems aprovou um programa de BYOC depois que foi descoberta a presença de cerca de 200 máquinas pessoais de funcionários plugadas na rede da empresa.
“O que estamos dizendo às pessoas é: Já está acontecendo. Você pode pensar que a sua segurança impede isso, mas você ficaria surpreso em saber quantos iPhones já estão conectados à sua rede, quantos Macs existem", diz Michael McKiernan, diretor mundial de operações, planejamento e compras da Citrix.
"Tudo que tentamos fazer foi formalizar e controlar e promover isso. As pessoas estão felizes, nós sentimos que há menos riscos e há economia de custos para a Citrix".
A Citrix disponibiliza sugestões sobre como obter acesso remoto, fornecer aplicações em uma variedade de plataformas e oferecer desktops virtualizados, como resultado deste processo.
A Citrix descobriu que não eram apenas os apaixonados por Macintosh que faziam questão de usar seus próprios computadores, apesar de 41% das pessoas utilizarem o OS X. McKiernan diz que a idade tem menos a ver com isso, do que o comportamento. Poderia ser um trabalhador que queria todas as músicas próprias em sua máquina ou um ávido jogador que queria um laptop de tela grande. E sim, os trabalhadores adicionaram seu próprio dinheiro para a bolsa de $ 2100 Citrix oferecida para compra ou upgrade de máquinas.
Há a noção geral de que os trabalhadores que usam suas próprias máquinas são mais felizes e produtivos, no entanto, esse cálculo tende a ser subjetivo. Mas McKiernan diz: "Se ser feliz por um lado é fazer com que você fique mais tempo na empresa, por outro lado ganhamos produtividade também."
“Ainda assim, não é para todos. Enquanto 20% dos trabalhadores manifestaram interesse no programa, até agora, apenas cerca de 10% dos 4.700 funcionários da Citrix participam” diz McKiernan.
A Intel, que também está considerando um programa de BYOC, disse que identificou segmentos de usuários "onde isso faz sentido", segundo Dave Buchholz, evangelista de TI da Intel.
Na empresa vê-se como uma extensão de tendência para uma força de trabalho móvel e que usa smartphones. McKiernan ressalta que as empresas que têm tecnologia suficiente para permitir que funcionários trabalhem em casa, já têm tecnologia para um programa BYOC.
A Citrix define um montante fixo com base no salário para os cálculos do custo total de propriedade das máquinas na empresa. Resultados mostram economia de 15% a 20% proporcionada pelo programa de BYOC. No entanto, o Gartner informou que as empresas não devem se jogar em um programa de BYOC simplesmente para economizar dinheiro, porque podem não estar preparadas.
Buchholz, que vem pesquisando o conceito de BYOC há cerca de um ano dentro da Intel e de outras empresas, não está convencido de que a tecnologia existente forneça o nível de segurança necessária para a combinação de dados pessoais e corporativos. Ele defende um isolamento do lado pessoal e do lado privado.
Ele disse que a Intel tem algumas tecnologias em desenvolvimento para esse efeito, mas ela "não está pronta para por em prática." A companhia deve começar os primeiros testes internos com a tecnologia no próximo verão, diz ele.
Como ele explica, "A chave para isso é manter o isolamento. Assim podemos dizer que não somos responsáveis pelo que eles fazem no lado pessoal, pois possuímos um real isolamento. Não precisamos nos preocupar com o que estão fazendo no lado pessoal, colocando em risco o ambiente corporativo e não precisamos nos preocupar com eles dizendo que fizemos alguma coisa que afetou o lado pessoal. Se eles têm cinco anos de registros fiscais lá, eu não quero ser responsável se alguma coisa acontecer a esses dados quando fizermos uma atualização de software."
As diferentes abordagens de BYOC muitas vezes dependem da cultura da empresa e às vezes são mais importantes mais do que as políticas regulatórias da empresa, diz McKiernan. A Citrix reforça muito a sua segurança através de uma política de armazenamento dos dados da empresa nos servidores dos data centeres da empresa e não em computadores pessoais. McKiernan afirma que se os trabalhadores que quiserem fazer utilização indevida dos dados da empresa, com algum esforço poderiam fazê-lo através de máquinas da empresa também. Ele diz que a organização não encontrou um único incidente grave relacionado ao programa BYOC.
"Se as pessoas quiserem furtar dados, eles vão fazê-lo", diz ele. "Se você realmente deseja bloquear as coisas, você vai ter que funcionar de uma maneira diferente. Nós não somos como uma empresa de energia elétrica, o exército ou organizações de saúde."
No entanto, todo o conceito da utilização de um dispositivo pessoal para fins empresariais levanta uma erupção de questões jurídicas e de RH, que ainda precisam ser trabalhada diz Buchholz.
* Se, por exemplo, a empresa paga $1.000,00 em um PC e o trabalhador paga $1.500,00 para atualizá-lo, quem tem mais controle sobre ele?
* E em relação às licenças?
* A empresa tem o direito de tomar uma providência em um eventual uso inadequado fora do horário de expediente?
Ou como diz Buchholz:
"... Se você fizer alguma coisa que talvez não devesse ter feito, se precisarmos auditar você, eu tenho o direito legal de pegar a máquina de você? ...Nós temos que amadurecer em todas essas questões ainda."
Seria interessante ver o que empresas nacionais acham disso, e principalmente as áreas Jurídicas e de RH poderiam contribuir. Até onde pesquisei recentemente, isso não é recomendado, pelas implicações ainda não resolvidas legalmente que podem recair sobre as empresas. Na prática, concordo: algo já acontece, mesmo no Brasil, e pode ser inevitável que venhamos a discutir isso como política nas empresas.
ResponderExcluiralgo similar ja esta sendo feito com a distribuição de computadores para professores, isso funciona na rede estadual do rio de janeiro e em algumas unidades do Senai.
ResponderExcluirSou mais favorável a trabalhar em casa, ao invés de usar uma máquina pessoal no trabalho. Porém, esbarra na questão responsabilidade. Considerando que o elemento custo sempre será colocado na balança e se o objetivo é o bem-estar do profissional, em boa parte dos casos esta alternativa (trabalhar em casa) é mais interessante.
ResponderExcluirDe qualquer forma, a inovação é sempre bem vinda.
Não é uma questão simples definir as políticas para que essa mudança seja realmente adotada nas empresas, caso isso seja uma tendência como diz a pesquisa do Gartner. A questão de se trabalhar em casa, eu acho que é uma opção mais viável a curto prazo, se considerarmos os custos das empresas com vale-transporte, vale-refeição e a perda de desempenho dos funcionários com o cansaço gerado pelo trãnsito das grandes cidades. O desenvolvimento tecnológico está mudando muito rápido o modo convencional de se trabalhar e acho o home-office algo inevitável nas grandes cidades. E isso elimina a necessidade de se manter um PC para cada funcionário, diminuindo também os custos.
ResponderExcluirUma solução simples, porém radical, é o uso de Thin Clients (e/ou de um emulador) nos PCs tanto da empresa como dos funcionários. Os dados e o processamento ficam nos servidores da empresa (segurança OK, esperamos...) e a máquina local fornece apenas tela, teclado e mouse. Nenhum dado local: o HD é intocado. A canalização tem de ser boa e encriptada. Sem problema dentro da empresa, mas para uso em casa a empresa deve financiar um acesso banda larga, bem mais em conta que qualquer transporte físico. Existem muitas soluções comerciais: ver Google "Thin Client". Unico inconveniente: não funciona sem a rede, mas será que deveria??? Efeitos colaterais: padronização dos serviços e dos postos de trabalho, menos licenças, aproveitamento dos PC antigos, corte nas necessidades de upgrades, menos suporte, enfim MENOS GASTOS!!! A área de T.I. poderá não gostar, por se sentir despretigiada, mas é o diretor financeiro quem vai decidir.
ResponderExcluirOs vários aspectos mencionados devem ainda ser discutidos:
ResponderExcluirsegurança (do anti-vírus ao controle por proxy/firewall);
pirataria pessoal, que a Lei insiste em repassar à empresa;
upgrades;
seguros (do computador e do empregado);
imagem (muitas empresas clientes ainda são conservadoras e não vêm isso como um fator positivo de motivação, incentivo à inovação, retenção de talentos e produtividade);
...
e muitos outros que podemos encontrar.
Pessoalmente, resolvidos os acordos que possamos ter com os empregados (conscientização e ética, principalmente), acho que é o caminho. Os benefícios econômicos para as empresas são vários.