Por Joanne Smikle
Qualquer um que já assistiu a um drama policial sabe que todo bom detetive olha para três coisas para pegar o vilão: meios do crime, motivo e oportunidade. Para uma carreira, dependendo da abordagem desses três elementos, você pode se tornar seu próprio vilão ou um vencedor.Nenhum de nós começou a carreira com intenção criminosa, a menos que temos relações com a família Soprano. Ausente essa influência familiar, queremos subir, ser um contribuinte abastado e alcançar a satisfação no trabalho. Então, porque é que alguns de nós alcançamos os objetivos e outros não?
É simples: meios, motivo e oportunidade.
Meios
Meios referem-se às ferramentas à nossa disposição. É a disposição de recursos, a matéria-prima pronta para uso. O que escolhemos fazer com os nossos meios é o que determina se estamos ou não agindo com intenção criminosa. Essa intenção criminosa pode ser consciente ou inconsciente. Na maioria das vezes, é inconsciente. Nós utilizamos os meios de forma errada sem perceber que estamos tendo hábitos de “auto-sabotagem”.
O uso indevido dos meios pode acontecer de inúmeras maneiras. Considere o caso de Vitória, uma advogada talentosa. Ela tem tudo a seu favor: uma mente afiada, habilidades analíticas e uma atenção aos detalhes. Com estes meios, aliado ao fato de que vive em uma grande área metropolitana, com oportunidades lucrativas para advogados, por que ela está desempregada? Os meios foram desperdiçados por ela, pois um dos sete pecados capitais tomou conta dela: Preguiça.
Quando ela abriu seu próprio escritório, ela não divulgava seus serviços ou se importava em fazer network. E não cogitava a possibilidade de trabalhar fins de semana ou em casa. Quando fez parte de um pequeno escritório, não considerava fazer horas extras. Cada atividade que exigia um pouco de esforço extra, gerava lamentações e reclamações.
Vitória sabe muita coisa. Ela é uma garota esperta. Mas, ao contrário da crença popular, o conhecimento não é poder. Conhecimento posto em ação é o que cria o poder. Uma advogada focada, dedicada, que se formou como uma das piores da sala poderia vencer Vitória no mundo real do trabalho. A distinção entre as duas é empenho e trabalho duro.
O que você faz com o meio faz toda a diferença no mundo. Pense em quantas pessoas inteligentes que você conhece que estão frustrados, estagnados na carreira e subutilizados? E o fato não é que eles tenham menos meios, é que eles tiveram menos sentido sobre o que fazer com os seus dons naturais. Talvez nunca ninguém lhes disse que eles poderiam fazer coisas interessantes e úteis com seu conjunto de talentos. Talvez eles, como a minha querida amiga Vitória, tenham um toque de preguiça. Seja como for, muitos de nós não fazemos uso de nossos meios. E esse desperdício é uma ofensa um crime para a carreira.
Motivo
Motivo é a lógica sob cada movimento que fazemos relacionados com nossas carreiras, com as nossas vidas. Motivo responde uma pergunta simples: Por que? Porque no mundo estou utilizando a energia de minha vida desta forma? Motivo soa simples, mas é o mais desafiador dos três fatores. Analisar motivo requer um tremendo trabalho. Exige tempo dedicado ao reflexo. Isso pode ser muito difícil, porque nos obriga a lidar com nós mesmos em um nível mais profundo.
Assim como os detetives nesses mistérios trabalham duro para descobrir porque o bandido cometeu o delito, nós temos que descobrir por que fizemos alguns de nossos movimentos. Se você já assistiu Law & Order ou Criminal Intent, você sabe que os motivos vão de dinheiro, a sexo, inveja a qualquer outro número de fraquezas humanas. Aqueles detetives trabalham duro para conseguir situações do passado, decepções para chegar ao motivo do crime.
Uma transgressão comum na carreira é a falta de coração movendo as atividades. Em muitas carreiras por acaso, são aceitas tarefas sem nenhuma reflexão sobre elas. Talvez um recrutador em um campus universitário te ofereceu o primeiro emprego aí você aceitou e está em piloto automático desde então.
Outros herdaram algum negócio sem dar muita consideração ao quesito satisfação. Lembro-me de Felipe, um merceeiro descontente, que herdou uma cadeia de pequenos mercados de seu pai. Ele nunca gostou do setor alimentar, mas sentiu por ser filho único tinha que entrar no negócio da família. Ao invés de decepcionar seu pai, ele se tornou um merceeiro mal-humorado. Imagine quanto mais gratificante seria para Felipe se ele encontrasse um motivo próprio para sua vida e carreira. Se ele tivesse a coragem de identificar seu próprio caminho ele certamente poderia melhorar a qualidade de sua vida.
Considerando que identificar o motivo é um trabalho crítico para evitar movimentos “criminais” em sua carreira, considere responder às seguintes perguntas para ajudar você a elaborar ou aperfeiçoar a sua motivação:
- Qual é a minha razão para trabalhar?
- Quais necessidades preciso satisfazer através do meu trabalho?
- Por que estou neste cargo na empresa?
- Idealmente, o que eu gostaria de fazer?
- Estou genuinamente feliz com o que escolhi da minha carreira?
Oportunidade
Todos nós a temos. Alguns de nós somos bons o suficiente para aproveitá-las. Outros tem a tenacidade de criá-las. Oportunidades são as possibilidades, as aberturas, as pausas, as perspectivas. É a oportunidade que permite aos detetives astutos pegar pela unha os criminosos. Será que o suspeito tem a oportunidade para cometer o delito ou ele tem um álibi hermético?
Poucos de nós têm alibis herméticos que nos impedem de agir sobre nossas possibilidades, embora tenhamos uma ladainha de desculpas. O tempo é a desculpa perene. Nós só não temos tempo para voltar para a escola. Nós não temos mais tempo para fazer uma nova pesquisa de carreira. Não conseguimos tempo para ser voluntário ou prestar serviço ao nosso próximo. As pressões são intermináveis, algumas reais outras imaginárias, mas que nos impedem de avançar. O engraçado é que todos nós temos exatamente a mesma quantidade de tempo, vinte e quatro horas por dia. É o que fazemos com o tempo que define o nosso destino.
Apesar de odiar retóricas em gestão do tempo, algumas questões elas têm razão. O princípio que tem o maior mérito é que o uso de nosso tempo deve ser coerente com nossas prioridades e valores fundamentais. Qualquer coisa diferente disso é hipocrisia. Aqui está um exemplo: Maria tem um marido e duas crianças, com idades de quatro e treze. Ela é uma estrela em ascensão em uma empresa de gestão financeira baseada em Nova York. Maria consistentemente incentiva seus filhos, mesmo que um pouco, a desenvolverem as suas mentes. Ela os cobra para irem bem na escola, mesmo na pré-escola.
Educação, aprendizagem, curiosidade intelectual, essas são as prioridades pessoais e profissionais de Maria. Pelo fato de essas serem as suas prioridades, ela não apenas prega isso em casa, como está em constante contato com seus professores e encontra maneiras criativas de incentivar o crescimento mental. Maria, porém, faz mais do que isso. Graduada na faculdade já subindo a um alto cargo na empresa, Maria quer agora o Certified Financial Planner. Isso coloca Maria na sala de aula uma noite por semana durante dezoito meses. Isso também significa que ela, como seus filhos, tem que estudar.
Este é um caso de alguém que cria oportunidades consistentes com seus valores e prioridades. Seria muito fácil para Maria dizer que ela não tem tempo para prosseguir seu curso. Em vez disso, ela tem moldado sua vida em torno dessa prioridade. Sua alocação de tempo tem mudado. Seu marido tem que cozinhar mais frequentemente do que ele fazia antes. Seu grupo de livros tomou o assento traseiro no lugar de documentos sobre taxa de retorno, anuidades e seguros. Esta é a hora da gestão de prioridades.
Enfim...a questão é: você é um criminoso de carreira? Você está cometendo crimes que sabotam o seu sucesso pessoal e profissional? Você está usando seus meios, o motivo, e oportunidade em sua vantagem? Temos escolhas a cada dia. É como nós usamos essas escolhas que determinam se nós estamos presos, em liberdade condicional ou soltos.
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